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Projeto “Nazaré das Memórias” mergulha artistas na tradição das casas de farinha

Iniciativa em Nazaré busca transformar o saber artesanal da farinha de copioba em inspiração para obras visuais que serão compartilhadas com a rede pública de ensino.

A cidade de Nazaré, historicamente conhecida como “Nazaré das Farinhas”, verá sua identidade mais profunda ser transformada em arte. Uma tradição que atravessa gerações, a produção artesanal da aclamada farinha de copioba, será o cenário de inspiração para o projeto “Nazaré das Memórias”, que promove uma imersão cultural de artistas visuais do Recôncavo no cotidiano das comunidades rurais do município.

A iniciativa levará os artistas Marcos Da Matta, Ana Fraga e Lorena Dantas para dentro das tradicionais casas de farinha. O objetivo é que eles acompanhem de perto todo o ciclo de produção, desde o plantio da mandioca até a moagem e a venda nas feiras, estabelecendo uma conexão direta com a essência da cultura nazarena.

 

Conectando arte e vida artesanal

 

Mais do que apenas observar a técnica, o projeto propõe uma troca humana. Os artistas terão a oportunidade de ouvir as histórias de vida e as memórias dos produtores mais antigos, os verdadeiros mestres e mestras desse saber. Essa vivência será o ponto de partida para a criação de obras em diversas linguagens, incluindo fotografia, pintura, foto-performance e instalações.

A proposta é que a arte reflita o ritmo, o cheiro, o trabalho manual e as narrativas que sustentam a fama da farinha de Nazaré, que abastece diversas regiões do país.

 

Um legado para a comunidade

 

O resultado dessa imersão não ficará restrito às galerias. O projeto “Nazaré das Memórias” tem um forte compromisso com a devolução desse material à população. Toda a criação artística será organizada em um catálogo, em formato impresso e digital, que será distribuído em escolas públicas do município.

O material também circulará em eventos culturais importantes, como a Feira de Caxixis – o maior festival de artesanato a céu aberto da América Latina e um símbolo de Nazaré. Além disso, entrevistas com os mestres das casas de farinha serão registradas em vídeo e disponibilizadas gratuitamente no YouTube e no perfil @nazaredasmemorias no Instagram.

A memória como ferramenta coletiva

 

A iniciativa, que terá duração de seis meses e inicia sua primeira imersão neste mês de outubro, foi idealizada pela artista residente Lorena Dantas, natural de Nazaré. Ela explica que o projeto nasceu de sua própria relação com o território e de pesquisas anteriores desenvolvidas na UFRB.

“Nasci em Nazaré e, desde a infância, o território do Recôncavo me atravessa como lugar de memória”, explica Lorena. “Compreendi que a memória não é apenas relato individual: é espaço de construção coletiva, capaz de moldar identificações e consolidar pertencimentos. O ‘Nazaré das Memórias’ nasce dessa trilha”.

O projeto foi contemplado pelos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia e conta com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura, e do Ministério da Cultura.