
O Recôncavo Baiano deu um passo decisivo nesta quinta-feira (27) para consolidar sua posição no mapa do turismo global. Em um evento histórico realizado no Cineteatro Cachoeirano, na cidade de Cachoeira, a Embratur lançou oficialmente o Programa Novas Rotas. A iniciativa tem um objetivo claro e ambicioso: preparar a região para receber o turista internacional que busca muito mais do que sol e praia — aquele que procura a alma, a história e a autenticidade do Brasil.
O lançamento reuniu gestores públicos, empresários e lideranças do trade turístico para discutir estratégias de internacionalização de destinos emergentes. O programa abrange, nesta etapa, sete municípios estratégicos: Aratuípe, Cachoeira, Cabaceiras do Paraguaçu, Castro Alves, Muritiba, Santo Amaro e São Félix. A escolha dessas cidades não foi aleatória; ela reflete a riqueza de um território que guarda a essência da baianidade, desde a cerâmica ancestral até o samba de roda e a arquitetura colonial.
A vez do turismo de experiência e identidade
O conceito central do “Novas Rotas”, lançado nacionalmente em abril, é a descentralização. A Embratur entende que o Brasil precisa diversificar sua oferta para o mundo, indo além dos cartões-postais tradicionais como o Rio de Janeiro ou o litoral soteropolitano. O Recôncavo se encaixa perfeitamente nessa nova demanda global por um turismo de experiência, onde o visitante quer vivenciar a cultura viva, conectar-se com as comunidades locais e entender a história profundidade.
Para o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, o turismo deve ser encarado como uma alavanca econômica central para o desenvolvimento do país. “Precisamos tirar o turismo da gaveta das atividades secundárias e colocá-lo em uma gaveta decisiva do novo modelo econômico”, afirmou. A ideia é revelar paisagens e saberes inéditos de forma inteligente e sustentável. Ao investir na estruturação desses destinos, o programa visa prolongar a estadia dos estrangeiros no Brasil e, crucialmente, distribuir a renda gerada pelo turismo de forma mais democrática, beneficiando artesãos, guias locais, pequenos produtores e toda a cadeia criativa da região.
União de forças e protagonismo local
A solenidade em Cachoeira demonstrou que o sucesso dessa empreitada depende de uma sinergia entre os governos Federal, Estadual e Municipal. O secretário de Turismo da Bahia, Maurício Bacelar, reforçou que a Bahia já se destaca nos indicadores de geração de emprego no setor, e que a qualificação dos produtos do Recôncavo é o “dever de casa” necessário para elevar o patamar da região.
Os prefeitos locais celebraram a oportunidade com entusiasmo e senso de responsabilidade. Eliana Gonzaga, prefeita de Cachoeira, anfitriã do evento, definiu o momento como histórico, ressaltando que o turista estrangeiro busca hoje “propósito” e “autenticidade”. Já José Geraldo, prefeito de São Félix, tocou em um ponto fundamental: a autonomia da região. Para ele, o Recôncavo precisa criar suas próprias possibilidades de renda, e a integração entre os municípios — do turismo religioso ao ecológico — é a chave mestra para transformar potencial em realidade econômica para a população.

Capacitação técnica: Afroturismo e Inovação
Não basta ter beleza e história; é preciso saber como vender e gerir esses ativos. Por isso, o evento foi seguido de painéis técnicos de alta relevância, abordando quatro pilares essenciais: Sustentabilidade, Inovação, Inteligência de Dados e, com destaque especial para nossa região, o Afroturismo. Técnicos da Embratur apresentaram ferramentas para otimizar a gestão dos destinos, mostrando como o uso de dados e práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) podem transformar a experiência do visitante.
O Afroturismo, em particular, surge como um diferencial competitivo imenso para o Recôncavo, uma região marcada pela herança africana em sua gastronomia, religiosidade e arte. O “Novas Rotas” não termina com o evento presencial; o programa disponibilizará uma plataforma de Ensino à Distância (EAD) para garantir que a qualificação de gestores e empreendedores seja contínua. É o início de uma jornada para mostrar que o Recôncavo não é apenas o passado da Bahia, mas o futuro de um turismo consciente e conectado com o mundo.
